Cynthia Paixao Foto Aria Santana (2) (1) (1)

O&nbsp;Banco Central Europeu&nbsp;acaba de divulgar o&nbsp;2<a href="https://www.ecb.europa.eu/press/projections/html/ecb.projections202506_eurosystemstaff~16a68fbaf4.en.html" target="_blank" rel="noopener" data-saferedirecturl="https://www.google.com/url?q=https://www.ecb.europa.eu/press/projections/html/ecb.projections202506_eurosystemstaff~16a68fbaf4.en.html&amp;source=gmail&amp;ust=1751113882027000&amp;usg=AOvVaw3mTapl5LyreG_1mS4GUtCw">&ordm; relat&oacute;rio de&nbsp;&lsquo;Proje&ccedil;&otilde;es Macroecon&ocirc;micas&rsquo;</a> do m&ecirc;s de junho. Apesar das tens&otilde;es comerciais internacionais, impulsionadas pelos conflitos na&nbsp;Europa,&nbsp;Oriente M&eacute;dio&nbsp;e o &lsquo;tarifa&ccedil;o&rsquo; de&nbsp;Donald Trump, a&nbsp;infla&ccedil;&atilde;o global&nbsp;&ndash; medida pelo &Iacute;ndice Harmonizado de Pre&ccedil;os ao Consumidor (IHPC) da zona euro &ndash; deve permanecer abaixo de&nbsp;2%&nbsp;no curto prazo.&nbsp;
Em virtude da baixa proje&ccedil;&atilde;o na infla&ccedil;&atilde;o, os consumidores poder&atilde;o aproveitar os &acirc;nimos do mercado internacional, se beneficiando de pre&ccedil;os est&aacute;veis e, consequentemente, maior poder de compra. Em contrapartida, a mudan&ccedil;a de esta&ccedil;&atilde;o no Hemisf&eacute;rio Sul &agrave; partir desta sexta, 20, deve provocar uma retra&ccedil;&atilde;o econ&ocirc;mica inesperada no varejo brasileiro, avaliada negativamente em R$ 50 milh&otilde;es, segundo a Confedera&ccedil;&atilde;o Nacional do Com&eacute;rcio de Bens, Servi&ccedil;os e Turismo (CNC).
As estimativas da CNC levam em considera&ccedil;&atilde;o a eleva&ccedil;&atilde;o de at&eacute; 2&ordm;C acima da m&eacute;dia hist&oacute;rica no Brasil, impactando diretamente o segmento de vestu&aacute;rio, cal&ccedil;ados e acess&oacute;rios. Embora as expectativas internacionais, relacionadas &agrave; economia, estejam positivas, o com&eacute;rcio nacional pode n&atilde;o ver os frutos da infla&ccedil;&atilde;o por agora. Ainda segundo a CNC, o endividamento familiar figura acima dos 50% da renda em 2025, sendo mais um agravante para os comerciantes.&nbsp;
O fim das expectativas para o aquecimento das vendas no inverno impacta microempreendedores de todo Brasil, sobretudo nas regi&otilde;es Sul e Sudeste. De acordo com a empres&aacute;ria e fundadora da Afrocentrados Conceito, Cynthia Paix&atilde;o, a estagna&ccedil;&atilde;o dos com&eacute;rcios acompanha o endividamento familiar, que embora tenha oscilado desde o ano passado, voltou &agrave; subir exponencialmente no primeiro trimestre de 2025.&nbsp;
&ldquo;A chegada do inverno geralmente marca um ponto de aten&ccedil;&atilde;o t&ecirc;nue. Ou teremos um aquecimento varejista ou uma retra&ccedil;&atilde;o, e a oscila&ccedil;&atilde;o econ&ocirc;mica varia de acordo com a regi&atilde;o brasileira que o comerciante estar&aacute; inserido. Apesar das proje&ccedil;&otilde;es do BCE terem animado os mercados, a chegada da nova esta&ccedil;&atilde;o deixou as marcas em d&uacute;vida, sobretudo as marcas geridas por pessoas negras no Brasil. Isso porqu&ecirc; os empreendedores negros tem mais dificuldade de acesso ao cr&eacute;dito e financiamento. Atrelado &agrave; isso tamb&eacute;m temos o endividamento familiar e a queda de vendas no inverno, que impactar&aacute; o fluxo de caixa&rdquo;, explica a empres&aacute;ria.
Os&nbsp;insights&nbsp;da especialista levam em considera&ccedil;&atilde;o o percentual de&nbsp;35% dos empres&aacute;rios negros que possuem d&iacute;vidas e empr&eacute;stimos atrasados, enquanto a estimativa ronda em&nbsp;27% entre &lsquo;brancos&rsquo;, segundo levantamento do Sebrae e FGV. Instalados em&nbsp;setores mais suscet&iacute;veis &agrave; sazonalidade,&nbsp;Cynthia&nbsp;explica que o empreendedorismo negro sofre diretamente com as proje&ccedil;&otilde;es setoriais, a exemplo do setor de&nbsp;vestu&aacute;rio, que j&aacute; vem de alta inflacion&aacute;ria de 2024 para 2025.&nbsp;
E n&atilde;o para por a&iacute;. &Agrave; frente de empresas majoritariamente de micro e pequeno porte,&nbsp;Cynthia&nbsp;relata que a&nbsp;informalidade dos com&eacute;rcios negros&nbsp;e a&nbsp;aloca&ccedil;&atilde;o dos espa&ccedil;os em &aacute;reas com baixa infraestrutura&nbsp;contribuem como agravantes na chegada do inverno. Ocupando a&nbsp;3&ordm; posi&ccedil;&atilde;o entre as dez principais ind&uacute;strias do afroempreendedorismo, segundo a pesquisa &lsquo;Afroempreendedorismo Brasil&rsquo;, o&nbsp;setor varejista negro&nbsp;deve sofrer com a chegada do inverno pela marcante atua&ccedil;&atilde;o voltada ao&nbsp;B2C &ndash; Business to Consumer&nbsp;(da empresa para o consumidor).&nbsp;
&ldquo;A pesquisa do Movimento Black Money encabe&ccedil;ou insights da d&eacute;cada que se perpetuam at&eacute; hoje. N&atilde;o &eacute; atoa que o varejista negro, hoje, sofra mais com as proje&ccedil;&otilde;es mercadol&oacute;gicas, visto que 52% deles atuam com vendas da empresa para o consumidor (B2C). Como o inverno estabelece uma nova din&acirc;mica entre consumidores finais e empresas, precisamos voltar &agrave;s estrat&eacute;gias para n&atilde;o depender da sazonalidade. &Eacute; preciso preparar o neg&oacute;cio para atravessar o per&iacute;odo de retra&ccedil;&atilde;o com planejamento, criatividade e entendimento profundo do seu p&uacute;blico", aconselha.&nbsp;
&Agrave; frente das iniciativas &lsquo;Ay&ocirc; Circuito AfroColab&rsquo;, &lsquo;Afrodonas&rsquo; e a mais recente &lsquo;VilaAfroJunina&rsquo;, Cynthia figura entre as empres&aacute;rias que est&atilde;o ressignificando a cena empresarial negra no Brasil. Auxiliando no desenvolvimento de outras 100 empreendedoras negras, com mentorias, marketing digital e design de produtos, a empres&aacute;ria aconselha que esses com&eacute;rcios reforcem parcerias comunit&aacute;rias, otimizem canais digitais e mapeiem produtos com maior sa&iacute;da no frio e adaptem ofertas r&aacute;pidas com base na pesquisa de mercado. Al&eacute;m disso, Cynthia sugere trabalhar com pr&eacute;-vendas e pagamentos antecipados com benef&iacute;cios, aliviando a press&atilde;o do fluxo de caixa.
&ldquo;N&atilde;o d&aacute; pra investir em estoque alto esperando que o cliente apare&ccedil;a. O caminho &eacute; trabalhar com pr&eacute;-venda, escuta ativa e oferta segmentada. Venda o que o seu p&uacute;blico precisa agora, atento &agrave;s especifica&ccedil;&otilde;es das microrregi&otilde;es. Use o WhatsApp como canal principal, com atendimento que seja pessoal e direto. E mais do que isso, junte for&ccedil;as com outros neg&oacute;cios, crie a&ccedil;&otilde;es em collab, compartilhe espa&ccedil;os criativos, log&iacute;stica e at&eacute; audi&ecirc;ncia. A resposta para a crise est&aacute; na intelig&ecirc;ncia coletiva e na adapta&ccedil;&atilde;o r&aacute;pida, n&atilde;o em esperar o mercado melhorar sozinho", conclui.&nbsp;

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