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Desafios da internet: psicóloga orienta pais e responsáveis como prevenir e alertar crianças sobre os riscos

Desafios da internet: psicóloga orienta pais e responsáveis como prevenir e alertar crianças sobre os riscos

Por Redação

08/05/2025 às 11:31

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Nas últimas semanas, o Brasil foi abalado por relatos de mortes de crianças e adolescentes após participarem de desafios perigosos na internet, um fenômeno que preocupa famílias e educadores de todo o país. Segundo levantamento do Instituto DimiCuida, pelo menos 56 crianças e adolescentes já foram feridos ou mortos no país desde 2014 em decorrência direta dessas práticas, que encontram nas redes sociais o ambiente ideal para se disseminar e criar ciclos de recompensa emocional por meio de curtidas, comentários e visibilidade rápida. A psicóloga da Hapvida, Maryla Pinheiro, analisa os atrativos psicológicos desses desafios, aponta sinais de alerta fundamentais para os pais e oferece estratégias efetivas para prevenção e diálogo em família.


De acordo com a profissional, o fascínio que os desafios virtuais exercem sobre crianças e adolescentes está atrelado a questões fundamentais do desenvolvimento: a busca por aceitação social, o sentimento de pertencimento ao grupo e o desejo de adrenalina proporcionado pela transgressão. “Essa fase da vida é marcada pela imaturidade cerebral, que dificulta o cálculo das consequências e favorece a tomada de decisões impulsivas”, explica. As redes sociais, ao amplificar rapidamente o alcance de desafios através de curtidas e compartilhamentos, intensificam essa dinâmica, tornando tentador para o jovem arriscar-se em busca de aprovação e visibilidade.


Ainda assim, nem todos os adolescentes respondem igualmente aos riscos. Conforme Maryla, crianças com autoestima fragilizada, dificuldades de socialização ou em fases de transição emocional são naturalmente mais vulneráveis, ao passo que uma educação pautada no pensamento crítico e no diálogo sobre consequências tende a protegê-las, tornando-as mais cautelosas diante de situações perigosas. “Os pais precisam estar atentos para sinais de alerta como mudanças bruscas de comportamento, isolamento, uso excessivo de dispositivos eletrônicos, segredos em relação às atividades online e alterações no sono ou alimentação”, alerta a psicóloga. Demonstrar ansiedade, medo ou irritação ao falar do ambiente virtual também é um indicativo de que algo não vai bem.


Como conversar sobre riscos e fortalecer o pensamento crítico


A prevenção começa em casa e tem como base um diálogo aberto, empático e firme, sem alarmismos ou imposições autoritárias. O segredo, aponta ela, é adaptar a conversa à faixa etária — usando, com os pequenos, histórias ou fábulas que exemplifiquem perigos e, com os adolescentes, trazendo notícias reais e incentivando discussões sobre experiências concretas. A linguagem precisa ser clara, direta e próxima do universo deles, evitando termos técnicos ou avaliações moralistas que possam afastá-los do diálogo. 


Para estimular o pensamento crítico, os pais devem propor debates sobre situações hipotéticas, incentivando a análise das possíveis consequências antes de qualquer decisão. “Pergunte o que fariam diante de certa situação, como pensariam nas consequências de um desafio compartilhado em redes sociais, e esteja sempre disponível para ouvir sem julgamentos”, recomenda a especialista. É essa postura que cria um ambiente seguro, onde filhos se sentem à vontade para relatar dúvidas e vivências perturbadoras que encontrarem online.


Ações práticas para proteção: regras, confiança e ajuda especializada


Além do diálogo, a atuação preventiva dos pais inclui o estabelecimento de regras claras para o uso de dispositivos eletrônicos e acesso à internet, horários definidos para a navegação e a participação ativa nas atividades online dos filhos, incentivando também hobbies offline. O controle parental pode ser um aliado importante, desde que usado de maneira transparente, explicando o motivo do monitoramento e respeitando a privacidade, pois é fundamental construir uma relação de confiança. Se comportamentos como ansiedade excessiva, mudanças abruptas de personalidade, isolamento intenso ou dificuldades graves de socialização persistirem, buscar ajuda profissional torna-se essencial. 


Para Maryla Pinheiro, as três recomendações mais importantes são: manter sempre o diálogo aberto sobre os riscos do ambiente digital, incentivar práticas saudáveis fora do mundo virtual e estar atento ao comportamento das crianças, intervindo prontamente diante de qualquer sinal suspeito. A informação, o acolhimento e a presença ativa dos pais são as maiores aliadas para garantir que crianças e adolescentes naveguem com mais segurança, autonomia e responsabilidade na internet.

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